A Cerâmica Marajoara é feita
pelos indígenas da Ilha de Marajó, é a mais antiga dentre as artes em cerâmica
do Brasil. Muito sofisticadas, as peças em cerâmica marajoara são altamente
elaboradas, possuindo variadas técnicas de ornamentação. Dentre a produção, há
uma grande diversidade de objetos como vasilhas, brinquedos, urnas funerárias,
apitos, chocalhos, estatuetas e até mesmo tangas – ou tapa-sexo. São uma das
maiores riquezas da cultura do Norte brasileiro, mundialmente reconhecida.
A fase mais estudada e conhecida da produção da cerâmica marajoara compreende os anos entre 600 e 1200
depois de Cristo. Estudos arqueológicos mostram que a região da Ilha de Marajó, a maior ilha fluvial do mundo, localizada no Pará, foi
ocupada há cerca de dois mil anos por agricultores e ceramistas oriundos dos
Andes. A fase marajoara, marcada pela presença de objetos com acabamento muito
detalhado em baixo ou alto-relevo, leva a crer que a região foi ocupada por
grupos com razoável grau de organização e diferentes camadas sociais, agrupadas
a partir de suas relações e valores culturais. Os índios da Ilha de Marajó utilizavam o barro para confeccionar
os objetos utilitários ou decorativos. Visando aumentar a resistência das
peças, misturavam o barro com outras substâncias minerais ou vegetais, como pó
de pedras ou conchas, cinzas de cascas de árvores ou de ossos e o cauixi
(esponja gelatinosa que recobre as raízes submersas de árvores). Os objetos possuíam
formas semelhantes ao homem ou eram representações de animais. As peças eram
acromáticas, ou seja, não possuíam cor na decoração, ou cromáticas. Nas peças
cromáticas, utilizavam o englobe (barro em estado líquido) com
pigmentos extraídos de alguns vegetais, como o urucum e o caulim, sendo as
cores branca, vermelha e preta as mais utilizadas. A decoração das cerâmicas
marajoara era composta por traços gráficos harmoniosos e simétricos, cortes,
aplicações, dentre outras técnicas. Depois de prontas, as peças eram queimadas
em fogueiras ou buracos e eram finalizadas com breu
do Jutaí, material que proporcionava um efeito brilhoso semelhante
ao do verniz. Para incentivar o turismo e o
comércio local na cidade de Icoaraci, próxima a Belém, diversos artesãos descendentes de índios
tentam preservar e manter a tradição marajoara, fabricando réplicas da cerâmica,
ajudando, assim, a divulgar os trabalhos indígenas e a preservar um dos maiores
patrimônios culturais do Brasil.
Fonte: http://www.hak.com.br/artesanato/ceramica-marajoara-a-riqueza-do-artesanato-da-regiao-norte-do-brasil.