Argemiro Orlando Pereira Lima foi quem mandou
construir o Palacete Orlando Lima na rua Dr. Moraes, nº 24, em Belém do
Pará. Nasceu em 22 de fevereiro de 1885, na cidade de Curralinho, Ilha do
Marajó, no Pará. Filho de Leopoldo Emiliano Pereira Lima e Felicíssima Etelvina
Pereira Lima.
Iniciou os seus estudos em Belém, no Liceu
Paraense, em 1903 foi para o Rio de Janeiro cursar medicina na Faculdade
Nacional de Medicina e foi interno no Hospital Geral da Santa Casa do Rio de
Janeiro onde desenvolveu atividades na Maternidade, e em 1908 se diplomou Médico.
Foi juntamente com mais 08 paraenses distinguido com alta referência Médica
Paraense.
Durante
o período no Rio de Janeiro, foi interno no hospital geral da Santa Casa, para
onde foi selecionado com base no certificado de suas notas da faculdade, as
quais foram as melhores da sua turma, desenvolvendo também atividades na
maternidade da Santa Casa do Rio de Janeiro.
Regressando
a Belém, logo após a conclusão de seu curso de medicina, iniciou clínica na
cidade e em pouco tempo firmou-se com conceito favorável como médico e
cirurgião.
Foi citado por Clóvis Meira, em seu livro
Médicos de outrora no Pará, como “médico de raras qualidades intelectuais”,
fazendo parte de uma geração de professores e intelectuais notáveis, nascidos
no final do século XIX, em pequenas cidades do interior do Pará onde não havia
boas escolas.
Em 1909 foi admitido como adjunto da Santa Casa
de Misericórdia do Pará na clínica cirúrgica, atuando também na seção de
maternidade. Nesse mesmo ano foi nomeado para adjunto do
Hospital de Caridade.
Mais tarde, com interesse em adquirir maiores
conhecimentos e fluente nas línguas francesa, italiana, inglesa e alemã,
decidiu interromper suas atividades em Belém e seguir para a Europa, onde
permaneceu por aproximadamente um ano, frequentando clínicas, cursos com
cirurgiões e visitando os principais centros cirúrgicos em Londres, Paris,
Viena e Alemanha. Foi longa a sua permanência nas cidades de Berlim, Dresden e
Hamburgo, sempre em contato com renomados médicos e cirurgiões. Regressando ao
Pará, retomou sua clínica, com maior conhecimento dentro de sua especialidade,
e suas atividades na Santa Casa de Misericórdia do Pará, na qual passou a ser
adjunto do dr. Augusto Torreão Roxo, chefe da seção da maternidade.8 Na
sequência, em julho de 1911, Orlando Lima assumiu a chefia da seção, que foi o
marco inicial da futura maternidade da Santa Casa do Pará. No ano seguinte foi
nomeado adjunto da clínica de mulheres da Santa Casa de Misericórdia do Pará,
em substituição ao dr. Antônio Joaquim da Silva Rosado. Sempre desejando
ampliar seus conhecimentos e seu crescimento profissional, participando de
cursos e vivência em hospitais de outros países, ele por muitas vezes foi
notícia em jornais de circulação em Belém, que informavam suas viagens de
estudos à Europa e aos Estados Unidos da América, partindo em navio do cais de
Port of Pará.
Atuante na política do seu estado, em 1915,
foi eleito deputado estadual e, em 1918, foi o primeiro médico do Norte do
Brasil a ingressar como membro correspondente da Academia Nacional de Medicina.
Em
continuidade às suas atividades, em 1920, foi designado chefe da clínica
obstétrica da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Clóvis Meira cita em seu
livro Vultos e memórias do eterno: O professor Orlando Lima era um homem de
fino trato, inteligente, estudioso, culto, conhecia bem a língua portuguesa […]
foi daqueles cirurgiões paraenses que faziam parto e cirurgia em domicílio. O
ambiente hospitalar não era muito bem aceito pelos pacientes. Dar entrada no
hospital era prenúncio de morte iminente e as Maternidades ou leitos para
parturientes anexos aos hospitais, só utilizados em casos extremos.
O Dr.
Orlando possuía o necessário para essas intervenções em domicílio, ainda
realizadas, raramente, na década de trinta 164 Casas Senhoriais e seus interiores em
debate: estudos luso-brasileiros Jornais de circulação em Belém, no ano de
1921, publicavam anúncios informando que ele mantinha consultório médico na
Farmácia Central, situada na avenida da República, nº 23, e residia na rua
Dr. Moraes, nº 24.12 Com a cadeira de clínica obstetrícia, em 1922, passou
a integrar o corpo docente da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, fundada
em 1919.
Em 4 de outubro de 1923, Orlando Lima, que pode ser visto na Figura
1, casou-se com Noêmia Travassos de Souza, demonstrada na Figura 2, natural do
Rio de Janeiro, residente em Manaus, onde o casamento foi realizado. O casal
fixou residência em Belém
Colaborador
permanente do jornal Folha do Norte e de outros jornais do Pará, em 1924
ingressou na Academia Paraense de Letras como o primeiro ocupante da cadeira
18, tendo como patrono Gaspar Vianna. Publicou vários trabalhos, literários e
científicos. Entre os primeiros, um conjunto de crônicas: Sob o céu de Manaus e
Referências de Portugal, nas quais trata de assuntos ligados a Portugal e à
língua portuguesa. Entre os trabalhos científicos: Nova técnica de decaptação,
apresentado à Academia Nacional de Medicina, As mães dos primeiros filhos e
Organização hospitalar.
Quando
desempenhou atividades na Santa Casa de Misericórdia, demonstrou a sua
capacidade administrativa e agregadora, congregando os sócios ativos para
criarem um conselho com a finalidade de empreender reformas e ampliações no
hospital.15 O desenvolvimento do projeto de recuperação ficou sob a
responsabilidade do engenheiro-arquiteto José Sidrim, assim como a execução das
obras, que foram concluídas em 1925, o que ilustra a Figura 3.
Acompanhando
as obras no hospital, constatou a competência de José Sidrim, e o contratou
para elaborar o projeto de sua nova moradia de casado no mesmo endereço da sua
residência de solteiro, na rua Dr. Moraes, nº 24.
O
Palacete de Orlando Lima foi concluído em 1925, obra do engenheiro arquiteto José Sidrim, e tornou-se notícia na revista A Semana e em outros meios de
comunicação,16 como ilustra a Figura 4, como uma das novas edificações que
embelezavam a cidade. Ao final da construção, Orlando Lima, satisfeito com o
resultado, enviou carta de agradecimento ao arquiteto, escrevendo em um trecho:
“Agora que terminou a construção da minha casa e que tudo sahiu a medida dos
meus desejos corre-me o dever de enviar-lhe os meus melhores agradecimentos o
que prazerosamente faço nestas rápidas linhas”.
O projeto da nova residência
de Orlando Lima foi desenvolvido para atender às suas necessidades e conforto
de sua família, tendo para o seu lazer, no pavimento térreo, a biblioteca e
sala de jogos, onde com frequência reunia-se com amigos no final do dia. Em seu
palacete, o médico celebrou o casamento de sua filha Isabel com o médico Aracy
Barreto e realizou o parto de seus netos Christina e Orlando.
Argemiro Orlando
Pereira Lima, então chefe da clínica obstétrica da Santa Casa e professor da
Faculdade de Medicina, faleceu repentinamente na noite de 17 de julho de 1953,
em seu palacete, após reunião com amigos na biblioteca.
PALACETE
ORLANDO LIMA O Palacete Orlando Lima, edificação de uso residencial com projeto
e construção sob responsabilidade do engenheiro-arquiteto José Sidrim, um dos
mais relevantes arquitetos de Belém do Pará do início do século XX, é
integrante do acervo arquitetônico do patrimônio cultural de Belém. José Sidrim
foi respon sável por construções de diversas edificações no Pará, das mais
variadas funções, entre as quais se destacam os projetos residenciais.
Ele
utilizava em suas criações arquitetônicas o repertório do estilo eclético, com
soluções estruturais avançadas, adequadas ao clima local e seguindo um programa
de necessidades atento à funcionalidade e aos desejos dos clientes.
Referindo-se ao ecletismo, Luciano Patetta cita que “foi a clientela burguesa
que exigiu (e obteve) os grandes progressos nas instalações técnicas, nos
serviços sanitários da casa, na sua distribuição interna, que solicitou uma
evolução rápida das tipologias”.
A movimentação dos telhados, platibandas,
ornamentos em elementos verticais e horizontais, molduras de massas, emprego de
materiais diversos, assimetria, partido arquitetônico com volumes e pátios, são
elementos que conferem destaque às obras de Sidrim. Algumas soluções
tornaram-se recorrentes em seus projetos, indicando a sua marca pessoal, como o
belvedere, as escadas bem detalhadas com ornamentos e coberturas em vários
níveis.
Orlando Lima solicitou a Sidrim um projeto que garantisse os novos
padrões de moradia e conforto para a sua família. Como resultado, foram-lhe apresentadas
as plantas dos pavimentos térreo e superior e duas propostas para a fachada
principal, ilustradas na Figura 5.19 Uma proposta possuía a fachada com
simetria acentuada com platibandas e a outra apresentava a fachada assimétrica,
telhado aparente, platibanda em uma lateral e ornatos em massa.
Esta última foi
escolhida pelo médico para desenvolvimento do projeto arquitetônico. A
implantação da edificação no terreno seguiu o que já se apresentava no
ecletismo, com a construção sendo parcialmente afastada do limite do terreno,
jardins e entrada principal, deslocada para a lateral, não sendo mais o acesso
principal no eixo da fachada. Em relação aos afastamentos nos lotes, Carlos
Lemos observa: “Para os palacetes, ainda não havia regra geral na ocupação do
lote
Referencias
Bibliográficas
-Fotogrametria
da Fachada do Palacete Orlando Lima – Belém –
Pará -Larissa Correia Acatauassú Nunes Santos – 2014 - União
Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME)