domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cerâmica-Cultura Material do Antigos Marajoaras

Os Antigos Marajoaras possuíam toda uma estrutura relacionada ao mítico ritualista ligada à vida pós-morte.

Segundo Denise Schaan (2004) havia Plataformas de Terras ou Tesos das elites onde as urnas funerárias eram colocadas dentro de uma casa ou templo.Somente o bojo das urnas eram enterradas no interior da moradia de forma que sua boca, fechada por uma tigela ou prato invertido tudo de cerâmica, ficasse na altura da superfície. Dessa forma havia contato constante com os restos mortais dos ancestrais, o que sugere a existência de rituais periódicos durante os quais retiravam e limpavam os ossos para depois recolocá-los na urna ( Ver Morales Chocano 2000).

Em suas Pesquisas Arqueológicas na Ilha de Marajó, a Dra. Denise Schaan diz que foram encontradas junto a essas urnas fogões de argila (barro), e junto das urnas havia pequenas tigelas decoradas que devem ter contido oferendas, provavelmente alimentos. Estas práticas indicam uma relação muito próxima com os antepassados marajoaras e uma preocupação em reforçar os laços entre os antepassados e os locais de moradia ( McAnany 1995).

A Iconografia das urnas Funerárias de Cerâmica encontrada pela Pesquisadora é comum as representações humanas e animais, com vários estilos: como urnas antropomórficas, com olhos e bocas humanas e com predominância de motivos estilizados de animais.

As urnas funerárias diferenciam-se pela técnica decorativa, como: 1) Policrômicas em que os motivos decorativos em preto e vermelho sobre um engobo branco e 2) Bicrônicas, os motivos decorativos pintado em branco com o engobo vermelho. Há uma diversidade de técnicas decorativas nas cerâmicas encontradas pela Pesquisadora na Ilha de Marajó, isto quer dizer, que sempre houve uma distribuição geográfica bem relativa dentro do domínio da Cultura marajoara. E talvez, a Cerâmica fosse a Cultura material que diferenciava os Grupos sociais uns dos outros.

As Plataformas de Terra ou Tesos Marajoara

No município de Curralinho, Costa Sul da Ilha de Marajó, existem aproximadamente uns 3 ou 4 plataformas de terras ou tesos tanto no rio Piriá quanto no rio Canaticu.

As plataformas de terras ou tesos na Ilha de Marajó foram construídas pelos Antigos Marajoaras e sempre são encontradas nas cabeceiras dos rios que drenavam os campos alagáveis da Ilha. Em cada grupo de plataformas de terras ou tesos existem alguns que contém sepultamentos e abundantes fragmentos de cerâmica decorada, partes de vasilhas e objetos rituais utilizados em festas (Denise Schaan, 1998).

Segundo Denise Schaan em suas Pesquisas Arqueológicas na Ilha de Marajó, no grupo de 34 tesos localizados ao longo do rio Camutins( rio localizado ás margens do Igarapé dos Camutins, um tributário da margem direita do Alto rio Anajás) foram encontrados 06 tesos, que devem ter sido ocupados pela elite, onde se encontra toda uma estrutura doméstica e funerárias, com cerâmica decorada e outros objetos de rituais e míticos (Denise Schaan, 2004) .

Os demais tesos são bem menores em volume e neles praticamente não se encontra cerâmica decorada; por esta razão acredita-se que eram habitados por pessoas comuns, diferente dos tesos onde viviam as elites dos Cacicados Marajoaras.

O Povo Marajoara, como dizia Euclides da Cunha aos sertanejos: “È um forte!”. Pois vivem no “sertão das águas”. Resistente ás agruras da vida. Seja de onde for ou de Curralinho ou de Soure ou Melgaço ou Bagre. Todos possuem o sangue dos guerreiros de outrora. Sempre construindo plataformas ou tesos na vida para sua sobrevivência em meio um capitalismo medíocre e dominador.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Como nasceu a Arte Marajoara

As sociedades regionais emergiram na Ilha de Marajó por volta do ano 400 d.C. sob uma hierarquia, cujos chefes tinham o controle, isto é, uma forma de organização social sendo legitimada através de rituais, durante o qual um xamã construiu uma ponte entre o mundo comum e o mundo dos espíritos e dos antepassados. Sobre essa ponte, símbolos e imagens concedidas durante os transes alucinógenos foram transportados e, assim, nasceu a Arte Marajoara (Denise Schaan, 2004).

Os significados compartilhados foram transformados em projeto Visuais que se assemelham a labirintos, espirais, círculos, retângulos, tridentes e faces.com temas relacionados a fauna local. Os desenhos da cerâmica composta por uma linguagem iconográfica, onde seres míticos foram descritos em uma lógica, coerente, harmonioso e forma, ultrapassando as técnicas, formas e superfícies.(Denise Schaan, 2004).

A experiência coletiva legitimada uma ARTE que foi concebido a partir da necessidade de visualizar e comunicar emoções, sentimentos, a verdade, a tradição, posições sociais e Historia. Como em qualquer sociedade analfabeta, tal ARTE teria a função de gravação e socialização do conhecimento.( Denise Schaan, 2004)

A Sociedade Marajoara e sua Cultura desapareceram durante as primeiras décadas da Dominação Européia, uma vez que os nativos não tinham resistência ás doenças, e sucumbiu ás Guerras e Missionamento Jesuítico. Mas deixaram para trás suas CERÂMICAS e os MONTES onde viviam seus ancestrais, realizadas as suas cerimônias e também enterravam seus mortos. Devido o seu uso da CERÂMICA nos seus rituais funerários, sua ARTE sua ARTE sobreviveu até os dias atuais.(Denise Schaan, 2004).

Não por acaso, a novidade tem sido preservada, pois os veículos são uma cosmologia construída ao longo do tempo circular, o qual, juntamente com os Marajoaras próprios desenhos, ensina-nos que o começo é sempre e inexoravelmente ligado ao fim. Um fim de que nada mais é que outro ponto de partida. (Denise Schaan, 2004)

A Ilha de Marajó- Beleza Impar

A Ilha de Marajó é a maior ilha fluvio-marítima do mundo. Localizada na foz do rio Amazonas, segundo a Associação dos Municipios do Arquipelago do marajó (AMAM) possui 16 municípios, sendo: Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Chaves, Curralinho, Cachoeira do Arari, Gurupá, Muaná, Melgaço, Portel,Ponta de Pedras, São Sebastião da Boa Vista, Santa Cruz do Arari, Soure, Salvaterra, distribuídos desordenadamente em seus 50 mil kilometros quadrados aproximadamente.

A Ilha de Marajó não possui nenhum município que possa se dizer que é sua CAPITAL. Não existe ISSO, de este ou aquele município ser sua CAPITAL. Pois todos os municípios são importantes para a exaltação de sua esplendorosa beleza natural. O que existe são alguns municípios devido a sua colonização e seus administradores são mais desenvolvidos do que outros.

As pesquisas arqueológicas indicam que a Ilha esteve habitada há pelo menos, 3.500 anos. Durante os primeiros 1500 anos, o registro arqueológico indica a existência de pequenas vilas, de, no máximo 150 m2, ocupando diversos ecossistemas: campos e altos, floresta inundada e de terra firme, galerias de florestas ao longo dos rios e zona intermediária entre campo e floresta. E aquelas populações viviam da caça, pesca e coleta e provavelmente da cultura da mandioca, assim como da cerâmica (Denise Schaan,2007).

Por volta do ano 400 d.C., começam a surgir sociedades organizadas de forma regional (...). durante os 1500 anos que precederam a emergência de sociedades complexas, os “povos da floresta tropical( Meggers& Evans, 1957) sofreram com o clima implacável da Ilha (...). O maior problema dos povos nativos marajoaras foi a água que tudo inunda e depois desaparece.( Denise Schaan, 2004).

Da cooperação entre famílias para implantação de lagos e barragens,ou mesmo controlados por grupos restritos de pessoas que justificavam sua posição dominante com sua relação com antepassados reais e míticos, surgiram assim os diversos “Cacicados” da Ilha de Marajó, que ocuparam por cerca de 900 anos as áreas sazonalmente inundáveis dos campos ( Denesi Schaan 2004).

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Geoglifos no Acre e na Amazônia

Geoglifos são vestígios arqueológicos representado por desenhos geométricos como sendo linhas, círculos, octógonos, hexágonos, etc.. São uma grandes figuras feita no chão (geralmente com mais de quatro metros de extensão).Sua construção pode se dá pela disposição organizada de sedimentos (como pedras, cascalho ou terra), criando um desenho em relevo positivo, ou pela retirada de sedimentos superficiais de modo a expor uma rocha subjacente, criando um relevo negativo. Em ambos os casos a formação da imagem se dá pelo fato de que a região trabalhada se destacará do solo natural do local, formando o desenho.(Denise Shann et tal, 2007)

Os grandes Geoglifos são mais bem vistos do alto de um avião ou helicóptero, mas alguns podem ser vistos por completo do solo mesmo.Recentemente, Geoglifos foram descobertos na Floresta Amazônica, no Brasil trazendo novos questionamentos sobre as civilizações que habitaram no passado essa região.

Descobertos durante uma varredura arqueológica na Amazônia, pelo arqueólogo Ondemar Dias, nos últimos anos descobriu-se uma quantidade muito maior, e com outras figuras, além das circulares. São círculos, quadrados, octógonos, dentre outras formas. Com o avanço das pesquisas, percebeu-se que estas formas estavam associadas, em sua maioria, a outros vestígios para além dos formatos.(Schaan, 2007).O Paleontólogo Alceu Ranzi e o Pesquisador Rodrigo Aguiar são os autores do livro “Geoglifos da Amazônia: perspectiva aérea” . Um relato sobre as figuras geométricas fotografadas de avião em diferentes regiões, ao longo principalmente da BR-317, no Acre. "As grandes perguntas que tentamos responder são quem, quando e por que alguém faria essas figuras", diz Ranzi.